LAMENTO DE JÓ CAP 3
EBD | 4° Trimestre De 2020 | CPAD – Adultos – A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: Lições do Sofrimento e da Restauração de Jó |Lição 05: O Lamento de Jó
OBJETIVO GERAL
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
Esclarecer que a angústia de Jó fez com que ele desejasse a morte como um escape;
Aclarar o desejo de Jó em ser como um abortivo;
Pontuar que Jó representa os que, em situação desesperadora, no veem nenhuma luz no fim do túnel.
Texto Áureo
“Porque antes do meu pão vem no meu suspiro; e os meus gemidos se derramam como água.” (Jó 3.24)
Verdade Prática
O sofrimento pode nos levar a situação de extrema angústia, mas não devemos perder a esperança no agir de Deus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda- Jó 3.1-4 Jó lamenta pelo dia de seu nascimento
Terça- Jó 3.5-7 Jó prefere que o dia de seu nascimento seja marcado pelas “densas trevas”
Quarta- Jó 3.8-10 Que a luz no resplandecesse e ele não olhasse para o sofrimento
Quinta- Jó 3.11-15 Jó lamenta por não ter morrido no dia do seu nascimento
Sexta- Jó 3.16-22 Jó deseja ser como um “aborto oculto” e não ver a luz
Sábado -Jó 3.23-26 O que já temia lhe sobreveio, o que ele receava lhe aconteceu
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Jó 3.1-26
1- Depois disto, abriu Jó a boca e amaldiçoou o seu dia.
2- E Jó, falando, disse:
3- Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido um homem!
4- Converta-se aquele dia em trevas;
5- Contaminem-no as trevas e a sombra da morte; habitem sobre ele nuvens; e, ali, repousam os cansados. negros vapores do dia o espantem!
6- A escuridão tome aquela noite, e não se goze entre os dias do ano, e não entre no número dos meses!
7- Ah! Que solitária seja aquela noite e suave música não entre nela!
8- Amaldiçoem-na aqueles que amaldiçoam o dia, que estão prontos para fazer correr o seu pranto.
9- Escureçam-se as estrelas do seu crepúsculo; que espere a luz, e não venha: e não veja as pestanas dos olhos da alva!
10- Porquanto não fechou as portas do ventre, nem escondeu dos meus olhos a canseira.
11- Por que não morri eu desde a madre e, em saindo do ventre, não expirei?
12- Por que me receberam os joelhos E por que os peitos, para que mamasse?
13- Porque já agora jazeria e repousaria; dormiria, e, então, haveria repouso para mim
14- com os reis e conselheiros da terra que para si edificaram casas nos lugares assolados,
15- ou com os príncipes que tinham ouro, que enchiam as suas casas de prata
16- Ou, como aborto oculto, não existiria; como as crianças que nunca viram a luz!
17- Ali, os maus cessam de perturbar e, ali, repousam os cansados.
18- Ali, os presos juntamente repousam e não ouvem a voz do exator.
19- Ali, está o pequeno e o grande, e O servo fica livre de seu senhor.
20- Por que se dá luz ao miserável e vida aos amargurados de ânimo,
21- que esperam a morte, e ela não vem; e cavam em procura dela mais do que de tesouros ocultos;
22- que de alegria saltam, e exultam, achando a sepultura?
23- Por que se dá luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus o encobriu?
24- Porque antes do meu pão vem O meu suspiro; e os meus gemidos se derramam como água.
25- Porque 0 que eu temia me veio, e o que receava me aconteceu.
26- Nunca estive descansado, nem sosseguei, nem repousei, mas veio sobre mim a perturbação.
INTRODUÇÃO
Na lição anterior vimos de perto o drama vivido por Jó. Uma série de calamidades se abateu sobre ele de forma catastrófica. Do estado de riqueza e prosperidade, Jó passou a viver na adversidade; seus amigos foram para consolá-lo, mas ficaram sem palavras ao contemplarem seu debilitado estado de saúde. Entretanto, depois de sete dias, ele rompeu o silêncio com um lamento que veio do fundo da alma.
Nesse lamento Jó mirou o dia de seu nascimento e, através de três perguntas, desabafou tudo o que sentia naquele momento: Por que nasci? Por que não nasci morto? Por que ainda continuo vivendo?
Nesta lição veremos a reação humana diante do sofrimento. Perceberemos que não há qualquer indício de que Satanás tivesse alcançado êxito diante de Jó. Na perspectiva do patriarca, se Deus era a causa de sua vida, deveria também ser a causa de sua morte, pois se dEle vinha o bem, também deveria vir o mal.
I – PRIMEIRO LAMENTO DE JÓ: POR QUE NASCI? (3.1-10)
1. “Por que nasci?”. A dor de Jó era profunda e somente a poesia podia expressar toda a carga emocional vivida por ele. Nesse poema, os dez primeiros versículos do capítulo três são a respeito do primeiro questionamento de Jó: Por que nasci? Esse questionamento sai do íntimo de Jó, assim como ocorre com a alma do salmista (130.1). Da mesma forma, o profeta Jeremias expôs os sentimentos diante de seus conflitos (Jr 20.14-18). Nesse sentido, o patriarca não está sozinho em lamentar diante da dor.
Jó ficara solitário, humilhado e sofrendo dores. Seus sofrimentos maior era o sentimento de que Deus o abonadora
(Jó3.1)no seu discurso (vv,2,26). Jó disse a Deus exatamente como se sentia. Começou maldizendo o dia em que nasceu e sua vida de sofrimento, mas note-se que em tudo isso Jó não blasfemou contra Deus. Seu lamento era uma expressão de dor e desolação, mas não uma expressão de revolta contra Deus
(2)sempre e melhor para o crente levar ao Senhor em oração suas duvidas e sentimentos sinceros. Nunca é errado levarmos a Deus nossas aflições e angustias, a fim de invocarmos a sua compaixão. O próprio Jesus Cristo perguntou a Deus “Deus meu, Deus meu por que me desamparaste”? (Mt27.46; Lm3.1-18 )
(Sl) Aqueles que hoje sofrem, colhendo os frutos amargos dos seus próprio pecados, podem clamar a Deus, certos de que Ele os perdoará, sarará e os trará à comunhão com Ele mesmo.
Deus quer manifestar sua misericórdia a todos atribulados, livrando da escravidão do pecado para que conheçam seu amor, seu cuidado, sua bondade ( ver Mt 26.28).
(Jr 20.14-18) Os sofrimentos de Jeremias e seus sentimentos de frustações nulidade levaram-no a desejar que nunca tivesse nascido (rf Jó 3 ). Mesmo assim, continuava a anunciar a palavra de Deus, fortalecido pela graças divina nas horas mais difíceis (vv,11-13)
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2.Que em lugar da memória viesse o esquecimento. Neste momento de dor, Jó não amaldiçoou a Deus, como Satanás previra; em vez disso, amaldiçoou o dia de seu nascimento. No lugar de ser ocasião de grande celebração pelo dia do nascimento de criança, Jó amaldiçoou esse dia por ocasião do grande sofrimento e decepção. Para o homem de Uz, esse dia teria de ser apagado da memória. Não é assim que muitas vezes nos sentimos? Um dia em que tudo foi mal e temos desejo de nunca mais lembrá-lo. (v,11)
(Jó10.18) Por que, pois, me tiraste da madre? Ah! se então tivera expirado, e olhos nenhuns me vissem!
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3. Que em vez da ordem viesse o caos. Mencionamos o desejo de Jó para que o dia de seu nascimento não tivesse entrado no calendário e, que dessa forma, tanto esse dia como essa noite jamais tivessem existido. No lugar da luz que raiou por ocasião do nascimento dele, e que revelou todo seu sofrimento, o patriarca desejou que as trevas dominassem (vv. 4-7). E por que? Porque em vez da paz veio a dor; em vez da ordem, o caos. Desse dor; em vez da ordem, o caos. Desse raciocínio, Jó menciona a imagem do Leviatã.( ( Leviatã) , a serpente. Essa linguagem figurada simboliza o mal e o mundo pecaminoso em rebelião contra Deus. No final dos tempos, todos que se expõem a Deus serão destruído Ió 41; Is 27
Este famoso e assombroso animal marinho simboliza o caos.
O homem de Uz recorre a essa imagem para ilustrar o momento tenebroso que estava vivendo. A lógica é simples: Se Deus não tivesse feito aquele dia, ele não teria sido concebido e, portanto, não passaria por tudo isso. Nesse sentido, o Novo Testamento revela como nosso Senhor é misericordioso e nos trata com amor e ternura nos momentos de tribulação e angústia, pois aos pés da cruz é o melhor lugar para derramar a nossa alma (cf. Jo 11.32,33).
Jo 11.32 Tendo, pois, Maria chegado ao lugar onde Jesus estava, e vendo-a, lançou-se-lhe aos pés e disse: Senhor, se tu estiveras aqui, meu irmão não teria morrido.
33 Jesus, pois, quando a viu chorar, e chorarem também os judeus que com ela vinham, comoveu-se em espírito, e perturbou-se,
II – SEGUNDO LAMENTO DE JÓ: POR QUE NÃO NASCI MORTO? (3.11-19)
1. Descansando em paz. Os intérpretes observam que o discurso de Jó a partir do versículo onze muda de amaldiçoar para reclamar. A partir desse versículo, Jó passa reclamar por não ter nascido morto. Para ele nascer morto teria sido melhor do que existir naquelas condições (v.11-13). Era a melhor maneira de não passar por toda aquela tribulação. Essas palavras de Jó revelam uma coisa: Ele queria descanso de todo o seu sofrimento. O que Jó pedia era uma possibilidade real, pois muitos fetos nascem mortos (vv. 16). Para ele a morte era uma forma de descansar em paz (vv. 13-15).
(v,13) O conceito de sepultura para Jó era o de um lugar de repouso. Não a considerava como extinção, mas como um lugar de continua existência pessoal ( vv,13-19; Sl 16.10 )
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2. Livre de tribulações. O dilema de Jó aumenta à medida que o seu sofrimento ganha intensidade. Ele continua com seu argumento da “não existência” (vv. 16-19). Ele está convencido de que se não tivesse se tornado um “ser”, nada disso estaria acontecendo. Ele desejava ter sido como um “natimorto”, um feto que nunca viu a luz (v.16).
O que é Natimorto:
Natimorto é o termo atribuído ao feto quando morre dentro do útero materno ou durante o trabalho de parto.
A palavra hebraica nephel, usada no versículo 16 como “natimorto”, possui o sentido de “um aborto espontâneo” e é traduzido dessa forma em Eclesiastes 6.3 e Salmo 58.8. Aqui em nenhum momento Jó faz uma apologia ao aborto, mas usa-o no sentido metafórico de “descanso do sofrimento”. No lugar de ter sido abortado, ele nasceu e foi lançado no mundo da tribulação. O raciocínio é claro: Para os que morreram cessaram as angústias e tribulações da vida presente.
(Ec6.3-6) A morte em idade jovem é lamentável; mas também uma vida longa não é garantia de que a pessoa desfrutará daquilo que Deus lhe deu. Uma vida cheia de aflição leva a pessoa desejar que tivesse morrido ao nascer e assim não sofrer tanto (cf.Jo). A luz da eternidade, oque importa é que vivamos para Deus ( cf 12.13,14)
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3. Uma realidade para o cristão. O Novo Testamento nos ensina que enquanto estivermos neste mundo estaremos sujeito à dor, ao luto, ao sofrimento (Fp 4.11,12). Mas, ao mesmo tempo, temos uma promessa consoladora de Jesus (Jo 16.33, cf. Fp 4.13).
(Fp 4.11,12) O segredo do contentamento, as satisfação, é reconhecermos que Deus nos concede, em cada circunstância, tudo quanto necessitamos para uma vida vitoriosa em Cristo ( 1Co 15.57;2Co2.14; 1 Jo 5.4). Nossa capacidade de viver vitoriosamente acima das situações instáveis da vida provém do poder de Cristo que flui em nós e através de nós(v,13; ver 1 Tm 6.8). Isso não ocorre de modo natural, precisamos aprender na dependência de Cristo.
III – TERCEIRO LAMENTO DE JP: POR QUE CONTINUO VIVO? (3.20-26)
1. Vale a pena viver? Nessa terceira seção do capítulo três Jó faz uma quarta pergunta (3.20): “Por que se dá luz ao miserável, e vida aos amargurados de ânimo?”. As outras perguntas estão em 3.1; 3.12; 3.161
3.1-Depois disso Jó abriu a boca e amaldiçoou o dia do seu nascimento,
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3.12-Por que houve joelhos para me receberem e seios para me amamentarem?
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3.16-Por que não me sepultaram como criança abortada, como um bebê que nunca viu a luz do dia?
. A palavra hebraica amel, traduzida aqui como “miserável”, é usada no sentido de alguém cuja vida é atribulada pela miséria e que, por isso, torna-se incapaz de exercer suas funções. Em outras palavras, para Jó a vida havia se tornado intolerável.
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2. Sem o favor de Deus? Jó novamente volta a indagar: “Por que se dá luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus o encobriu?” (Jó 3.23). A pergunta busca o significado do sentido de todo aquele processo. Ela busca compreender o porquê de Deus permitir o sofrimento. Aqui há um paralelo com Provérbios 4.18, onde é dito que “o caminho do justo é como a luz da aurora que brilha mais e mais até ser dia perfeito”.
Na literatura sapiencial Relativo à sabedoria. Denomina-se, assim, os livros das sagradas Escrituras, cujo objetivo é transmitir, aos fiéis, o saber necessário para o nosso cotidiano., a palavra hebraica traduzida como “caminho” é derek e se refere ao caminho da sabedoria de Deus, que conduz a vida. Para o patriarca esse fato havia se tornado um paradoxo, pois ele não sabia por que Deus escolheu para ele o caminho do sofrimento.
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3. Um caminho de sabedoria e maturidade. Muitas vezes sentimo-nos iguais a Jó, desorientados, passando por uma via dolorosa do sofrimento. E como ele, não imaginamos nem compreendemos que Deus está agindo. É preciso, porém, olhar para o alto onde Cristo vive (Cl 3.1-4). Nele, podemos manter o equilíbrio e confiança durante a tormenta e, assim, trilhar um caminho de sabedoria e maturidade no sofrimento.
(Cl3.1-3) uma vez que nossa vida esta com Cristo no céu ( v,3), devemos fixar nossa mente nas coisas lá de cima, e deixar que nossas atitudes sejam determinadas por elas.
Devemos estimar julgar, olhar e considerar tudo, partindo da perspectiva celestial. Nossos alvos, atividades e ambições devem ser a busca das coisas espirituais (vv,1-4), resistir ao pecado (vv,5-11) e revestir-se do caráter de Deus (vv, 12-17). A graça, o poder, as experiências e bênçãos espirituais estão em Cristo no céu. Ele outorga essas coisas a todos os que, com sinceridade pedem, buscam com diligencia e batem à porta com persistência ( Lc 11.1-13;1 Co 12.11;Ef 1.3;4.7,8)
Conclusão
Nesta lição vimos o dilema de Jó. Desconhecendo a razão das adversidades que se abateram sobre ele, o patriarca não negou a Deus nem o amaldiçoou. Todavia, ele expôs toda a sua humanidade, de forma que o leitor que apenas o contempla sem, contudo, participar de seu drama, tem dificuldade de entender seu lamento, principalmente, quando ele se dirige a Deus. E o lamento de um corpo ferido e de uma alma, que mesmo amando a Deus, se derrama angustiada.
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